domingo, 31 de julho de 2011

Prontas para a maternidade?

Olá a todos.

Enquanto estava escrevendo este post, coincidentemente ou não, recebi um email com uma citação de José Saramago:

"Filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isto mesmo! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é expor-se a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado. Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo".

Não esta sendo um post muito facil de escrever, vi, ouvi e li algumas coisas relativas à maternidade que me deixaram um pouco preocupada.

Me preocupa perceber que cada vez mais a "maternidade" está virando sinônimo de status e marketing. Perde-se cada vez mais a individualidade e especificidade de cada família: são tratadas como iguais, sem particularidades. As maternidades hoje estão cada vez mais lotadas, e a forma de trabalho é "linha de produção": é somente mais um parto entre centenas, então é melhor ser rapido porque daqui a pouco tem outro. Esquecem-se de que para aquela família é o primeiro nascimento, e talvez seja o unico. Esquecem que essa família pode ter sofrido muito para conseguir esta gestação, e o quanto o nascimento foi planejado e sonhado, e de repente, não tem controle e poder nenhum sobre ele.

Essas mesmas famílias saem das maternidades totalmente despreparadas para enfrentar o mundo com um pequeno ser nos braços. Agora não é mais imaginação, é real, o que fazer então? Como fazer?

Mas me pergunto se os profissionais que assistem essas familias estão preparados para desempenhar esse papel. Como foram capacitados?  O que sabem sobre maternidade, periodo perinatal, puerpério, desenvolvimento do bebê? HUMANIZAÇÃO?

Estamos virando profissonais mecanizados. Estamos esquecendo o que aprendemos nas universidades, de que o individuo é um ser "biopsicossocial". E as famílias viraram apenas "mais um caso".

Fiquei horrorizada ao ver no facebook, um convite para um evento com o título "Nascimento da ........... (não citarei o nome aqui)", e ao ler os comentários, tinha um que dizia: "....esta maternidade permite que os convidados acompanhem o nascimento por uma janela de vidro..." Nascer agora virou espetáculo com plateia, assim como amamentar é atração do dia nas visitas ao recem-nascido.

Ficou também preocupada quando ouço uma mãe me dizer; "não sei onde está a beleza da gestação que todos dizem. Até agora só senti coisas ruins." E é uma mãe que fez tratamentos e tratamentos para tentar engravidar, mas agora nenhum dos profissionais que a acompanham percebe uma situação tão delicada como esta.

Acho que está na hora de parar, pensar e rever algumas questões.

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