domingo, 31 de julho de 2011

Uma gota de leite

Divido com vocês um lindo texto escrito pelo Dr Luis Tavares para o site Aleitamento.com
Sou fã do trabalho realizado por ele.

O Universo numa gota de leite
(Ao site aleitamento.com por ocasião de seus 15 anos de vida)

Uma gota de leite.
O Universo.
A tradução completa deste por aquela.
A referencia entre os dois é imediata e absoluta.
A natureza conspira para que uma unica minuscula gota de leite humano seja a representaçao fiel da biologia materna, da vida de seu filho e de toda sorte de elementos envolvidos em seu entorno.
Uma gota de leite humano faz referencia à saude materna em todos os seus mais intimos aspectos.
É reflexo de toda complexidade neuro-hormnal-emocional que nasce na vontade materna e desemboca nas fibras musculares a ejeta-la em sua descida.
Traz residuos incontestáveis do ambiente social e cultural da lactante, podendo ser lida como a resultante das interferencias do meio nos mecanismos de sua produção e ejeção.

E porque existe na medida da forma correta da sucção e da porontidão do bebe para ordenha-la, pode -se, através dela, fazer a leitura indireta da integridade desse bebe, e isso diz respeito a sua idade gestacional, a sua idade cronologica, sua disponibilidade e o apoio que ele recebe através de medidas de interação adequada desde o nascimento até o tempo em que a amamentação se faz presente...
E porque diz sobre o bebe, essa gota de leite pode oferecer informações sobre a agressividade desmamadora do mundo de plástico formado por bicos e chucas e mamadeiras, como também reflete o uso dos leites heterólogos em todas as suas formas que a faz diminuir e dificulta sua saida...Diz essa gota, se o bebe mama certo, se a pega é adequada, a ordenha, se ja vai desmamando, se ainda mama depois de muitos meses ou anos...
Pode da mesma forma, oferecer pistas sobre a duração dessa mamada, se vai so começando, se já vai por longos minutos, essa gota de leite...
Uma gota de leite humano é capaz de identificar da nutriz seus medos, angustias, insegur anças, traumas, experiencias frustrantes anteriores, falta de apoio, enfim, e da mesma forma, revelar disposições favoraveis, vontades, superações, interesses, colaboração, entrega plena, amor incondicional...
Descreve essa gota a relação inteira entre a mulher lactante e suas interações hormonais, nutricionais, imunológicas, bioquimicas e bacteriológicas...
Anterior à tecnologia moderna, essa gota de leite sobreviverá ao fim dessa tecnologia e sua substituição pelo futuro inominado da organização da espécie...

Uma única gota de leite.
O Universo inteiro.
O que era.
O que é.
O que será.
Ciencia e poesia unidas como as rimas de um verso presenteado à humanidade pela grande poética da natureza transbordante em vida e ritimos infinitos.
O Universo inteiro
Numa unica
Inconfundivel
Incomparavel
Inimitavel
Gota de leite.
Numa única gota
Imperceptível
Silenciosa
Mínima e essencial
Como o ar que se respira
Como a vida que brota da atmosfera para os pulmões que a respiram,
Nessa unica e delicada
E insubstituivel gota
De leite humano
O Universo inteiro.
Ao site www.aleitamento.com pelos 15 anos de olhar atento, cuidadoso e cuidador a essa gota e a esse universo inteiro...

Dr. Luís Alberto Mussa Tavares,
Campos dos Goytacazes, RJ,
31 de julho de 2011.

Semana Mundial de Aleitamento Materno 2011


Amanhã inicia-se mais uma Semana Mundial de Aleitamento Materno.

Esta iniciativa foi criada pela WABA (World Alliance for Breastfeeding Action) em 1992. Todo ano, de 1 a 7 de agosto voltamos nossas atenções para as questões sobre o aleitamento materno. Este ano o tema é: "Amamentação em 3D".

Vamos usar as redes sociais, os meios de comunicação como um todo para divulgar e promover o aleitamento materno!!!

Prontas para a maternidade?

Olá a todos.

Enquanto estava escrevendo este post, coincidentemente ou não, recebi um email com uma citação de José Saramago:

"Filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isto mesmo! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é expor-se a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado. Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo".

Não esta sendo um post muito facil de escrever, vi, ouvi e li algumas coisas relativas à maternidade que me deixaram um pouco preocupada.

Me preocupa perceber que cada vez mais a "maternidade" está virando sinônimo de status e marketing. Perde-se cada vez mais a individualidade e especificidade de cada família: são tratadas como iguais, sem particularidades. As maternidades hoje estão cada vez mais lotadas, e a forma de trabalho é "linha de produção": é somente mais um parto entre centenas, então é melhor ser rapido porque daqui a pouco tem outro. Esquecem-se de que para aquela família é o primeiro nascimento, e talvez seja o unico. Esquecem que essa família pode ter sofrido muito para conseguir esta gestação, e o quanto o nascimento foi planejado e sonhado, e de repente, não tem controle e poder nenhum sobre ele.

Essas mesmas famílias saem das maternidades totalmente despreparadas para enfrentar o mundo com um pequeno ser nos braços. Agora não é mais imaginação, é real, o que fazer então? Como fazer?

Mas me pergunto se os profissionais que assistem essas familias estão preparados para desempenhar esse papel. Como foram capacitados?  O que sabem sobre maternidade, periodo perinatal, puerpério, desenvolvimento do bebê? HUMANIZAÇÃO?

Estamos virando profissonais mecanizados. Estamos esquecendo o que aprendemos nas universidades, de que o individuo é um ser "biopsicossocial". E as famílias viraram apenas "mais um caso".

Fiquei horrorizada ao ver no facebook, um convite para um evento com o título "Nascimento da ........... (não citarei o nome aqui)", e ao ler os comentários, tinha um que dizia: "....esta maternidade permite que os convidados acompanhem o nascimento por uma janela de vidro..." Nascer agora virou espetáculo com plateia, assim como amamentar é atração do dia nas visitas ao recem-nascido.

Ficou também preocupada quando ouço uma mãe me dizer; "não sei onde está a beleza da gestação que todos dizem. Até agora só senti coisas ruins." E é uma mãe que fez tratamentos e tratamentos para tentar engravidar, mas agora nenhum dos profissionais que a acompanham percebe uma situação tão delicada como esta.

Acho que está na hora de parar, pensar e rever algumas questões.

domingo, 17 de julho de 2011

Alergia ao leite de vaca x intolerancia à lactose

Olá a todos!

Vocês sabem a diferença entre alergia ao leite de vaca e intolerância à lactose?
Muitas pessoas confundem os dois temas, mas são situações bem diferentes.

A intolerância à lactose é quando o intestino tem dificuldade de digerir a lactose, o açúcar presente no leite. A alergia à proteina do leite de vaca é quando o organismo do bebê não digere a proteina presente no leite de vaca, devido à imaturidade do intestino, provocando um processo inflamatório. É uma situação mais séria, que precisa de um cuidado maior.

A intolerância à lactose pode ocorrer em adultos também, já a alergia ocorre principalmente em bebês.

Para saber mais acessem o site: http://www.alergiaaoleitedevaca.com.br/index.php

É muito importante procurar um médico para o diagnóstico, principalmente um gastropediatra.

Com carinho,

Carol.

domingo, 10 de julho de 2011

Não basta ser pai, tem que participar II


Olá amigos!

Já falamos um pouquinho da importânca da participação paterna nos cuidados com o bebê. E na amamentação, como podem participar?

Ao contrário do que muita gente imagina, o pai pode e deve participar da amamentação de forma ativa. Além de apoio à mãe, de cuidar dela também, há formas do papai oferecer o leite materno para seu bebê através da técnica do copinho.

Os pais podem dar carinho, apoio, podem cantar para o bebê durante a amamentação, ajudar a mãe a se posicionar e a posicionar o bebê da melhor forma possivel. Além de ajudar a garantir um ambiente calmo, tranquilo e aconchegante, controlando o excesso de visitas.

Papais, vocês são de extrema importância. A amamentação é muito diferente quando vocês estão por perto.

Para finalizar, deixo abaixo uma "listinha" do que os pais podem fazer para participar. Peguei esta lista no site do Aleitamento.com

Dez Passos para a participação efetiva e afetiva do PAI no apoio ao Aleitamento Materno.

  1. Por vezes ela pode estar insegura de sua capacidade para o aleitamento. Seu apoio será fundamental nestas horas.
  2. Mesmo que seja difícil aceitar, lembre-se que a amamentação é um período passageiro. Dê prioridade a seu filho(a).
  3. Sua presença, carícias e toques durante o ato de amamentar são fatores importantes para a manutenção do vínculo afetivo do trinômio mãe + filho + pai.
  4. No período de amamentação é pouco provável que sua mulher possa manter a casa, as refeições e se arrumar de formas "impecáveis". As necessidades do recém nascido são prioridades nesta fase.
  5. Coopere nas tarefas do bebê na medida do possível: trocar fraldas, ajudar no banho, vestir, embalar, etc.
  6. Mantenha-se sereno.
  7. Procure ocupar-se mais dos outros filhos (se os tiverem).
  8. Mantenha o hábito de acariciar os seios de sua mulher.
  9. Fique atento às variações do apetite sexual de sua companheira.
  10. Não traga para casa latas de leite, mamadeiras e chupetas.
Grupo Interinstitucional de Incentivo ao Aleitamento Materno da Bahia - 1993

Com carinho.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Alimentação complementar


Olá queridos.

Estive um tempo afastada das atividades do blog, mas estava morrendo de saudades de escrever.

Não é segredo para ninguém minha paixão pela amamentação. Por isso nada como retomar as postagens por este tema.

Ao contrário do que muita gente imagina, o trabalho da amamentação não termina quando as dificuldades iniciais são resolvidas. A amamentação precisa ser trabalhada até o final, em todas as suas fases. E uma delas é a fase de introdução dos alimentos sólidos.

É importante que a família seja orientada por profissionais capacitados, e também respeite o tempo do bebê na aceitação dos alimentos.

Para ilustrar este post, compartilho um texto do Dr Carlos Gonzalez, que vi no Grupo Aleitamento Materno Solidario, no facebook.

Um abraço
Carol

Introdução de Sólidos - Por Carlos Gonzalez
"Os conflitos entre a mãe o filho durante a amamentação ou uso de mamadeiras podem ser terríveis, mas ainda bem que são pouco frequentes. A introdução de alimentos sólidos é uma oportunidade nova de perigo e devemos trilhar este caminho com cuidado.

Para esclarecer, quando mencionamos “sólidos”, não nos referimos apenas aos alimentos oferecidos ao bebê com uma colher. Usaremos o termo para referir-se a qualquer comida além de leite humano ou leite modificado, mesmo água, chá ou comidas duras como biscoito.

Muitas mães encontram-se sobrecarregadas de informação a respeito de regras, grandes, pequenas e médias envolvendo alimentação de bebês. Elas recebem conselhos de pediatras e enfermeiros, algumas informações muito mais complexas e detalhadas que aquelas dadas pelos especialistas famosos, palpites de família e amigos, bem como as “conversas de comadre” que alertam sobre evitar comidas “reimosas” ou “incompatíveis”.

Incapaz de seguir todas as regras ao mesmo tempo, muitas vezes a mãe opta por rejeitar todas e fazer somente aquilo que ela quer. O risco é de que ela ignore as recomendações realmente importantes. Para evitar tal problema, vou diferenciar claramente entre as opções onde há um grau de consenso em relação à sua importância (baseadas numa combinação de normas internacionais) e aquelas sugestões que parecem úteis, embora outros profissionais possam ter opções diferentes.

Pontos Importantes
Tenha em mente os seguintes pontos, embora eles não devam ser tomados como dogma:
1. Nunca force uma criança a comer.
2. Amamente exclusivamente até 6 meses (sem papinhas, suco, água, chás, etc.).
3. Aos 6 meses, comece (sem forçar) a oferecer outros alimentos, sempre depois da mamada ao seio. Bebês não amamentados devem tomar 500ml de leite artificial por dia.
4. Introduza os alimentos um de cada vez, esperando uma semana entre comidas novas. Comece com quantidades pequenas.

5. Ofereça alimentos que contêm glúten (trigo, aveia, centeio) com precaução.
6. Quando cozinhar para o bebê, escorra bastante o alimento, evitando encher a barriga dele com água.
7. Espere até 12 meses de idade para introduzir alimentos altamente alergênicos (especialmente laticínios, clara de ovo, peixe, soja, amendoim e muitas outras comidas que já causam alergia em membros da família).
8. Não acrescente sal ou açúcar aos alimentos.
9. Continue amamentando por dois anos ou mais.

Em algumas situações pode-se introduzir sólidos antes de seis meses (mas nunca antes de 4): quando a mãe trabalha, por exemplo. Ou quando a criança claramente pede para ser alimentada agarrando o alimento e colocando-o na boca sozinha.

“Oferecer” significa que, se ele quiser comer, o bebê come, mas se não quiser, não come. Muitas crianças recusam tudo menos o seio até 8 ou 10 meses, muitas vezes mais.

Alimentos sólidos são oferecidos depois da amamentação, não antes, e certamente não em substituição à amamentação. Somente assim você tem certeza de que seu bebê tomará o leite de que precisa. Acredita-se que entre 6-12 meses, o bebê precise de cerca de 500 ml de leite por dia. Claro que isso é uma média, muitos tomam mais e outros ficam bem com menos.

Uma criança que toma mamadeira pode facilmente ficar bem com 2 mamadeiras de 250 ml ao dia. Não é razoável, porém, esperar que um bebê amamentado tome 250 ml a cada 12 horas; os seios da mãe ficariam desconfortavelmente cheios. Faz mais sentido para bebês amamentados tomar 100 ml cinco vezes por dia, ou 70 ml sete vezes por dia. Certamente você não sabe (ou não sabia antes de iniciar os sólidos) quanto leite seu bebê mama; mas se ele é amamentado antes da oferta de sólidos, você fica tranquila sabendo que ele mama o que precisa.

Que comidas devo oferecer primeiro?

Não importa. Não há base científica que suporte a recomendação de um alimento antes de outro. Se você oferecer frutas primeiro, seguidas por cereal, depois frango, você estará seguindo as orientações da ESPGAN (Sociedade Europeia de Gastroenterologia e Nutrição Pediátricas). Mas se você der frango, depois legumes e cereais por último, também estará dentro das normas.

Digamos que você decida começar com banana amassada. Depois da amamentação, ofereça ao bebê uma ou duas colheres. No primeiro dia é sempre melhor oferecer só um pouquinho, ainda que ele aceite bem. Se ele recusar a primeira colherada, não insista, mas continue oferecendo a cada um ou dois dias. Se ele aceitar bem, você pode aumentar a quantidade a cada dia. Depois de uma semana, você pode tentar outro alimento, como batata doce ou abacate. Na semana seguinte, pode oferecer um pouquinho de arroz. Cozinhe arroz (melhor ainda, cozinhe até virar papa), sem adicionar sal. Você pode adicionar azeite (ficará mais saboroso e terá mais calorias).

Esta ordem é só um exemplo, você pode inverter, se quiser. Claro, se alguma das comidas causar diarreia ou outros sintomas, ou se o bebê rejeita veementemente, é melhor esperar algumas semanas. Se uma reação mais severa é observada, como uma vermelhidão na pele, consulte o pediatra.

Também não é necessário introduzir uma comida nova a cada semana. Variedade significa um pouco de cereais, um pouco de legumes, um pouco de frutas – mas não é vital que o bebê coma muito de cada grupo. Maçãs não possuem nada diferente das peras e a maioria dos adultos vive bem comendo apenas dois tipos de cereal: arroz e trigo, deixando o resto para o gado. Se seu filho já come frango, você não estará acrescentando nada ao oferecer novilha. Antes de um ano, a introdução de muitos alimentos diferentes somente significa comprar mais bilhetes para a loteria da alergia.

A razão principal de oferecer outros alimentos ao bebê com 6 meses (e não depois) é que alguns bebês precisam de ferro extra. Portanto, seria lógico que comidas ricas em ferro fossem introduzidos primeiro. Por um lado, há carnes com alto teor de ferro orgânico altamente biodisponível. Por outro, há legumes, leguminosas e cereais que contêm ferro inorgânico, mais difícil de ser absorvido a menos que esteja combinado com vitamina C.

É por isso que muitos adultos comem a salada primeiro (rica em vitamina C), depois os grãos e legumes, com a sobremesa por último. O que é comumente feito com bebês na Espanha não é uma ideia muito boa, oferecendo a eles somente grãos numa refeição, legumes na outra e fruta na próxima. Quando seu bebê ingere muitos alimentos, é uma boa ideia combiná-los, oferecendo-os numa mesma refeição (não batendo todos juntos no liquidificador) ao invés de fazer menus monocromáticos (“hora do cereal”).

E se ele não quer comer comida de bebê?

Não se preocupe, isso é totalmente normal. Não tente forçá-lo. Você talvez tenha sido aconselhada a oferecer sólidos antes do peito, assim ele estará com fome suficiente para comer. Isso não faz o menor sentido, uma vez que o leite materno nutre muito mais que qualquer outro alimento. É por esta razão que usamos o termo “alimentação complementar”. Sólidos não são nada mais que um complemento ao leite materno. Se seu bebê mama e depois rejeita frutas, nada acontece; mas se ele aceita fruta e depois não mama, ele sai perdendo. Mais fruta e menos leite é uma receita para perda de peso.

O mesmo vale para leite artificial. Lembre-se de que se você não está amamentando, você precisa dar ao bebê meio litro de leite diariamente até que ele tenha 1 ano de idade. Não é bom negar o leite para que ele coma mais."

Do livro My Child Won't Eat, Dr. Carlos González.